Na Universidade Estadual de Santa Cruz docentes aprovaram o estado de greve no período da manhã. Foto: Pablo Brandão (Ascom Adusc)
A decisão foi aprovada pela categoria em assembleias docentes nesta segunda-feira (16)
Com auditórios lotados, as assembleias docentes desta segunda-feira (16.09) aprovaram o estado de greve em todas as universidades estaduais (UNEB, UEFS, UESC e UESB). Com ampla maioria, a decisão representa o avanço da mobilização da categoria, que negocia com o governo um plano de recomposição das perdas salariais. O estado de greve vale até a próxima rodada de assembleias, quando os/as professores/as discutirão a proposta que o governo se comprometeu, a partir da força do movimento, a apresentar em reunião da próxima quinta-feira (19.09). O próximo passo é deliberar ou não pelo início da greve.
Desde o mês de junho, professores e professoras estão com o indicativo de greve aprovado, pois governo só cedeu à mesa de negociação após essa decisão. A proposta de reajuste salarial do movimento docente é de três reajustes de 5,5%, nos meses de janeiro/2025, janeiro/2026 e dezembro/2026, respectivamente, totalizando 17,42% em dois anos (2025 e 2026), com respeito à data-base em janeiro.
“O nosso histórico é de muitas perdas e, na disposição de negociar, já flexibilizamos e muito a nossa proposta de índice de reajuste salarial, principalmente se considerarmos todo o cenário e números levantados pelo DIESSE, que aponta para perdas acumuladas de 35%. Assim, no sentido da flexibilização, apresentamos ao governo nossa última proposta, de três parcelas de 5,5% em dois anos, o que representa um ganho real de 4,1% ao ano. Mas o governo, que começou a negociação com uma proposta de ganho real de 0,7% ao ano e agora chega numa proposta de 1,7% no mesmo índice, não se mostra disposto à flexibilização”, explicou Marcelo Lins, presidente da Adusc e Coordenador do Fórum das Associações Docentes das Universidades Estaduais da Bahia.
Confira a linha do tempo com a retrospectiva de todo o histórico da negociação em 2024.
11 de novembro 2023 – OFórum das Associações Docentes protocolou sua pauta de reivindicações para 2024 junto ao governo do estado.
16 de abril 2024 – O governo anunciou o reajuste salarial deste ano. O encontro foi apenas uma reunião informativa e não ainda mesa de negociação.
18 de abril 2024 – Docentes realizaram a primeira paralisação do ano com ato unificado do funcionalismo público baiano sobre a pauta salarial em Salvador.
23 de abril 2024 – A força do movimento docente fez o governo abrir a mesa de negociação e apresentar uma proposta para dar fluxo aos pedidos de mudança de regime de trabalho, incluindo o de dedicação exclusiva.
25 de maio 2024 – A categoria paralisou as atividades por 24h com reunião de negociação com o governo e ato unificado em Salvador.
10 de junho 2024 – Sem avanços na mesa de negociação sobre o plano de recomposição salarial, as assembleias docentes aprovaram o indicativo de greve.
14 de junho 2024 – Governo apresenta a 1ª proposta de reajuste, em três parcelas de 4,7% ao ano para as datas base de 2025, 2026 e 2027. Nessa proposta, o ganho real seria de apenas 0,7% ao ano, ou seja, seriam necessários mais de 43 anos para repor totalmente as perdas salariais de 35%.
1 de julho 2024 – Categoria realiza reunião do Fórum das ADs em Salvador para debater as perdas salariais.
2 de julho 2024 – Docentes protestam no cortejo da Independência da Bahia sobre o plano de recomposição salarial.
10 de julho 2024 – Governo apresenta proposta de reajuste em três parcelas de 1% de ganho real mais IPCA do ano anterior, proposta que ele mesmo retiraria logo em seguida. Nessa proposta, seriam necessários mais de 30 anos para recompor as perdas salariais de 35%.
19 de agosto 2024 – Em mais uma tentativa de negociação a categoria apresenta proposta de reajuste de 4,5% ao ano por 3 anos além de reposição da inflação e realiza uma paralisação de 24h. O governo não aceita e apresenta a proposta de reajuste total de 5,5% em três parcelas pagas em 2 anos (2025 e 2026). Essa foi a terceira proposta do governo, que ele mesmo retirou da mesa logo em seguida. Nessa proposta, seriam necessários cerca de 7 anos para repor as perdas salariais de 35%.
26 de agosto 2024 – Em mesa de negociação o governo retirou a terceira proposta apresentou uma quarta proposta de reajuste de 5,7% que representa apenas 1,7% de ganho real em 2025, 2026 e 2027. Nessa proposta, seriam necessários quase 20 anos para repor as perdas salariais de 35%.
03 de setembro 2024 – Fórum das ADs reapresenta proposta do dia 16/09, de três reajustes de 5,5% em 2025 e 2026.
11 de setembro 2024 – Docentes realizam mais uma paralisação de 24h com ato unificado na UNEB em Salvador. Governo não analisou e não apresentou nenhuma resposta à contraproposta da categoria.
13 de setembro 2024 – O governo não cede e não atende às reivindicações docentes. A categoria realiza novas assembleias para discutir deflagração da greve.
16 de setembro 2024 – Assembleias docentes aprovam estado de greve.
19 de setembro 2024 – Próxima reunião de negociação com o governo.
23 de setembro 2024 – Previsão de nova rodada de assembleias das ADs, para avaliar a deflagração da greve, caso o governo não atenda às reivindicações docentes.
Na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia os docentes discutiram o estado de greve com auditório lotado em Vitória da Conquista.
Foto: Victoria Lôbo (Ascom Adusb)
Na Universidade Estadual de Feira de Santana docentes definiram pelo Estado de Greve. Foto: Camila Moreira (Ascom Adufs)
Na Universidade do Estado da Bahia a assembleia aconteceu no campus I, Teatro da UNEB. Foto: Murilo Bereta (Ascom Aduneb)